O bólido
Mito da tribo Kayapó, horda Iraamráyre,
contado por Curt Nimuendaju e
publicado pela revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional Nº21,
1986

 
Duas índias, colhendo no campo nozes de piaçaba, encontraram perto de um olho d'água um filhote de ave, implume, mais ou menos do tamanho de um filhote de galinha. Levaram-no para casa e o criaram. Fazendo a avezinha banhar-se numa cuia com água, notaram que a água fervia quando ela saiu. Quando estava mais crescida, encheram um pilão com água, e esta também fervia logo que a ave nela se banhava. Finalmente esta ficou do tamanho de uma galinha; suas penas, porém, eram cor-de-rosa, como as do colhereiro. Certo dia os índios pintaram-se e saíram para pescar com timbó. Depois de algum tempo as mulheres disseram: "Vamos lá também, para vermos se já pegaram peixes!" Foram e levaram a ave, vendo a água brilhar entre as árvores, voou e precipitou-se direto para dentro dela. Ouviu-se um grande trovão, e todos os índios que estavam dentro da água morreram instantaneamente. Depois a ave subiu ao céu, e a gente reconheceu que era um Akrã-re (bólido).